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Onde estou?

  • Foto do escritor: Icaro Rodrigues Melo
    Icaro Rodrigues Melo
  • 27 de mai. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 1 de jul. de 2024

Luis Felipe Conca


- Onde estou? Que lugar é esse?


Está tudo escuro, muito escuro, mal consigo ver o vulto de minha mão. Olho em volta para encontrar uma fonte de luz. Mas a única que existe é uma pequena estrela, incapaz de iluminar um palmo à minha frente. Ando a esmo, torço por um milagre. Como se eu acreditasse em milagres.


Já não sei a quanto tempo estou andando. Essa merda de lugar não tem nada. -Como vim parar aqui?! -Eu sou ... da cidade? Eu sou um h... o que eu sou?- Não me lembro. Foco na minha memória, vejo flashes borrados e desordenados. -O que está acontecendo comigo! Tenho raiva, medo. Quero voltar para casa. Entro em desespero. Choro.


Não sei quanto tempo passou. O céu aqui nunca muda. Parei de vaguear, até agora não me levou a nada. Decidi tentar lembrar de como vim parar aqui. Forço minha mente, apenas borrões. forço de novo, nada. Novamente desta vez concentro-me na cor da memória, a uso como guia, sinto o esforço abater meu corpo, continuo.


Começo a ver uma sala, não. Um escritório, tem um homem sentado de frente para uma escrivaninha. Acho que sou eu. O escritório está cheio de artefatos históricos. -Como sei que são históricos? Sou um historiador? Sim sou um historiador.- Lembro de estar em minha sala. Lembro de olhar objetos históricos. -Quando foi isso? Há um mês ou um ano? Não sei. Não sei como isso irá ajudar, mas pelo menos é algo.


Sinto um frio. Não tinha esse frio antes. O clima mudou. Algo muda nesse inferno. -Acredito em inferno?- Novamente me concentro. Vejo algumas memórias, sei que sou solteiro, que moro sozinho, que gosto de festas, que participei de manifestações na juventude e na atualidade, não acredito no inferno ou em seu, que trabalho em uma universidade, que tenho dinheiro e prestígio acadêmico, que fui fiel aos meus alunos e os defendi de opressores. Sei que decidi nunca me casar.


O frio aumenta, agora também venta. Uma memória parece diferente, foco nela. É outra do escritório, estou segurando um objeto, acho que é de alguma civilização antiga, Tem algo escrito na base do objeto. Diz:” Você verá sua mente, seu verdadeiro ser. Se seu ser for virtuoso e vigoroso a luz o libertará." -Então é isso, esse lugar é minha mente.- Estou preso em mim mesmo, e a única saída é aquela pequena luz. Como chegar lá? -Como!- Sinto o frio aumentar, o vento mais forte a cada segundo, a luz parece cada vez mais distante, sinto-me fraco, minhas pernas não se movem, minhas mãos congelam. Olho mais uma vez para a luz. Por que não fui mais virtuoso?



 


 
 
 

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